Informe sobre o Fundeb em SJC
Fábio Zanutto, Lucas Monteiro e Jéssica Marques | 30/08/2023
Em 2023, o Conselho de Acompanhamento e Controle Social do
Fundeb (CACS-Fundeb) já teve cerca de sete reuniões, em que duas apresentaram
prestações de contas do trimestre anterior.
O que
podemos acompanhar até agora é que até fim de junho a arrecadação do Fundeb em
São José dos Campos chegou a mais de R$ 238 milhões de reais, dos quais 92,58%
(220 milhões) já havia sido paga com alguma despesa, sendo 85,40% do total
gasto, ao que tudo indica, com magistério (pela lei, profissionais da
educação). Conforme obrigação legal, o mínimo a ser usado com salário é de 70%,
um valor que ainda não havia sido gasto no primeiro trimestre de 2023, mas que
chegou no decorrer do ano. Isso significa, portanto, que não há perspectiva
de abono caso se mantenha essa proporção de gastos.
Mas isso
não significa que não há problemas. Esses dados (que são enviados para o
Conselho pela Prefeitura) são de extrema complexidade. As planilhas são disponibilizadas
cerca de três dias antes da reunião, sem um resumo muito bem explicado e sem a
devida diferenciação dos gastos, o que dificulta a compreensão dos conselheiros.
Por exemplo,
fora as construções e reformas, as planilhas não especificam quais são os
gastos de manutenção. Também não apresentam, dentro das despesas com salário,
qual a proporção gasta com professores e outros profissionais, com professores
efetivos ou PD ou mesmo professores em sala ou em cargos de confiança.
No fim, um
espaço que teoricamente serve para acompanhar e controlar a maior fonte de
financiamento da Educação Pública serve apenas de propaganda do suposto acompanhamento
democrático das contas públicas da administração de Anderson Farias (PSD). Os
membros do conselho indicados pela Prefeitura, por exemplo, defendem
explicitamente o modelo de terceirização da educação infantil e a farsa dos
selos de escola 5.0.
Em uma reunião, também foi elogiado o
gasto com a pós da Unesp (mais de R$ 2 milhões por ano), ignorando que esta
formação é totalmente descolada da nossa realidade.
O Fundeb é destinado majoritariamente
para nossos salários, mas devemos cobrar como é feito esse gasto. Já sabemos,
por exemplo, que a aplicação do piso salarial nacional, um importante direito
da categoria, foi maquiada para defasar a tabela salarial, tanto daqueles do
Plano Antigo quanto do Plano Novo, em um nítido objetivo de transformar, em
médio prazo, o piso em teto salarial.
Além disso, devemos saber quanto
desse gasto vai, na verdade, para as altas complementações dos cargos de
confiança que se acumulam na rede, tema este que atualmente está sendo
questionado na Justiça, em que esperamos que o resultado aponte para a
aplicação de concursos públicos nestes cargos.
Precisamos ampliar a conscientização e
mobilização no conjunto da categoria para uma posição crítica à forma que a
Prefeitura usa da Educação como uma enorme propaganda descolada dos desafios e
problemas da escola pública, especialmente para nossas condições dignas de
trabalho. É assim que vamos fazer valer, de fato, todo o investimento do Fundeb
na Educação!
Para mais informações sobre o Fundeb, assista à live com o DIEESE: https://www.instagram.com/tv/CtZ8Et9tbWh/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==
Autores:
- Fábio Zanutto é professor, diretor do sindicato e conselheiro titular do CACS-Fundeb
- Lucas Monteiro é professor e conselheiro suplente do CACS-Fundeb
- Jéssica Marques é professora, diretora do sindicato e ex-conselheira do CACS-Fundeb